terça-feira, 12 de junho de 2012

A morte da namorada de Zé Camarão


Contrariando o senso comum, Zé Camarão arranjou uma namorada; seu nome era Ana Júlia, muito conhecida no bairro e mais conhecida por sua fama de vadia. Zé Camarão conhecia há um tempo e era um dos poucos que ainda não tinham ficado e isso o incomodava muito.
E foi numa noite de lua cheia que ela aparece na fissura para “fazer a cabeça” e sabendo que Zé Camarão sempre porta o que ela procura. Zé Camarão estava sentado na frente do portão da casa do seu amigo Pequeno, tocando violão e mal dizendo o mundo e Ana Júlia aparece toda doce e fazendo voz melosa e diz:
--Zé me arranja um fininho?
--Demorô gata, vamu na beira do córrego que é limpeza.
             ZÉ se despede de Pequeno, que já estava indo dormir e foi com a bela Ana Júlia “fazer a cabeça”.
            Chegando a beira do córrego, o mau cheiro estava insuportável, mas a presença de Ana anulava o cheiro na cabeça do Zé que nem sentia mais o mau cheiro; já muito doidos os dois se atracam feito animais no cio e Zé pensa, “Pele mais macia que revista”.
E no dia seguinte não sentem nem ressaca moral e assumem o relacionamento e como tudo na vida de Zé Camarão é peculiar, nada de parabéns pela relação, os comentários são os mais preconceituosos como:
--Que merda Zé, fica com aquela vadia tudo bem, mas namorar é foda.
--Putz, Zé você é um trouxa mesmo.
E por aí vai...
Ao som de muito Rock and Roll, entorpecidos de álcool e outras coisas vivia feliz o casal “nóia” da quebrada.
  O dia estava chuvoso e Zé Camarão pega o guarda-chuva e vai até casa de sua mina, levando uma garrafa de vinho e um baseado, nada mais romântico para Zé Camarão, chegando lá escuta a noticia que ela morreu no banheiro. Zé pergunta como ela morreu e mãe dela apenas chora e não responde.
Zé fica sabendo como ela morreu do pior jeito, pela boca das pessoas que nada sentiam por ela a não ser desprezo, que lhe contaram:
Mano sua mina era doida subiu em cima da privada para se masturbar com o rodo e a privada não agüentou o peso dela e quebrou enquanto o rodo ainda estava dentro dela, mano que doideira.
Depois desse dia Zé nunca mais conseguiu secar o banheiro depois do banho.

OTÁVIO SCHOEPS




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